Ex-diretor da Siemens prefere fazer acordo

SÃO PAULO - Dois ex-diretores da Siemens, que estão sendo julgados na Alemanha por ajudar a organizar pagamentos de propina, podem receber suspensão condicional da sentença após terem confessado os crimes. Os dirigentes disseram, ontem, no tribunal de Munique, que ajudaram a ocultar pagamentos ilegais, ao criar um sistema contábil secreto, e que usaram contratos frios para pagamentos em caixa dois. As confissões resultaram de um acordo entre o tribunal, a promotoria e os advogados de defesa.

A Siemens, a maior empresa européia de máquinas e equipamentos, vem sendo acossada por investigações de corrupção desde novembro de 2006. As sindicâncias se disseminaram para pelo menos 12 países, entre os quais os Estados Unidos, e buscaram apurar pagamentos de propina a clientes. A empresa, sediada em Munique e que está cooperando com a promotoria, detectou US$ 1,6 bilhão em "pagamentos de origem não-identificada" efetuados de 2000 a 2006.

"Eu sempre quis agir para o bem da empresa", afirmou um dos executivos. "Empregamos contratos frios depois que os bancos passaram a hesitar cada vez mais em processar pagamentos secretos. Precisávamos de um substituto para os bancos."

O processo é o segundo a ir a julgamento em Munique num escândalo envolvendo propina que já dura dois anos. Ambos os ex- diretores colaboraram com a promotoria e ajudaram a desvendar detalhes do escândalo. O tribunal alemão deverá proferir o veredicto hoje.