Anões do Orçamento

O caso conhecido como “Anões do Orçamento” tem início em 1993, quando o economista José Carlos Alves dos Santos foi preso como suspeito pela morte de sua mulher. Até esta data, Alves dos Santos era um funcionário respeitado no Congresso. Ali, construíra a reputação de especialista em Orçamento Geral da União, cuja confecção só se tornava possível, ano após ano, graças à assessoria que prestava aos parlamentares. Com a prisão, descobriu-se que José Carlos levava uma vida dupla, dedicada a orgias sadomasoquistas e a falcatruas com o dinheiro público. Desmoralizado, o economista decidiu falar. "Vou contar tudo e ninguém vai escapar", anunciou. Numa entrevista a Revista VEJA, revelou que o Orçamento era manipulado por um esquema de corrupção do qual faziam parte governadores, ministros, senadores e deputados. Os envolvidos recebiam comissões gordas para favorecer empreiteiras e desviavam recursos para entidades de assistência social fantasmas. As denúncias de José Carlos levaram à instalação de uma CPI. A maior parte dos integrantes da quadrilha era formada por parlamentares de pequena estatura. Por isso, o caso ficou conhecido como o dos “Anões do Orçamento”.

A CPI esmiuçou o esquema de propinas montado por deputados que atuavam na comissão durante três meses. Foram 18 acusados. Seis foram cassados, oito absolvidos e quatro preferiram renunciar para fugir da punição e da inelegibilidade. O rastreamento das contas bancárias acabou derrubando o então presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro (PMDB), o líder do PMDB, deputado Genebaldo Corrêa (BA) e o deputado baiano João Alves, o capo do esquema. Alves lavava o dinheiro comprando cartões de loteria premiados. Havia dois esquemas. No primeiro, parlamentares faziam emendas remetendo dinheiro para entidades filantrópicas ligadas a parentes e laranjas. Mas o principal eram os acertos com grandes empreiteiras para a inclusão de verbas orçamentárias para grandes obras, em troca de polpudas comissões.

Cronologia:

15.10.1993 - O economista José Carlos Alves dos Santos acusa 23 deputados e senadores, seis ministros e três governadores de irregularidades na inclusão de emendas no Orçamento .

20.10.1993 - Começa a CPI do Orçamento.

21.01.1994 - O relatório final da CPI do Orçamento confirma o pedido de cassação de 18 parlamentares.