CPI dos Bingos

CPI criada somente com membros do Senado em 29 de junho de 2005 para investigar a utilização de casas de bingo para a prática de crimes de lavagem de dinheiro. Inicialmente, o foco era o escândalo Waldomiro Diniz, o então assessor de José Dirceu na Casa Civil que foi flagrado pedindo propina ao empresário Carlos Augusto Ramos (conhecido como Carlinhos Cachoeira, empresário de jogos que gravou Waldomiro Diniz recebendo propina). Esta finalidade foi abandonada quando Cachoeira isentou Dirceu de responsabilidade.

A CPI se voltou para suspeitas de irregularidades na renovação do contrato da GTech com a Caixa Econômica Federal. Ex-dirigentes acusaram os então assessores dos ex-ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Dirceu de tentativa de extorsão. Foi ouvido Rogério Buratti (advogado acusado de tentar extorquir a GTech) que acusou Palocci de receber R$ 50 mil por mês entre 2001 e 2002 da empresa de coleta do lixo da cidade. O dinheiro, diz, era repassado a Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT.

Evoluindo nas investigações, a CPI chegou à um local onde seriam praticados atos de corrupção em Brasília com os assessores de Palocci. Palocci negou ter comparecido à "casa do lobby" em Brasília, onde seriam elaboradas esquemas petistas de corrupção. O caseiro Francenildo da Costa desmentiu o então ministro e teve seu sigilo bancário quebrado ilegalmente.

Além destes episódios, a CPI dos Bingos investigou:
- O empréstimo de Lula: o presidente do SEBRAE, Paulo Okamotto, disse ter usado recursos próprios para pagar dívida do Presidente Lula de cerca de R$ 30 mil e de Lurian (filha do Presidente), e que doou R$ 25 mil à campanha de Vicentinho (PT-SP).
- O caso dos dólares do exterior e caso Cuba: a CPI ouviu o doleiro Toninho da Barcelona, que declarou ter ajudado na repatriação de dinheiro do PT e na distribuição do esquema do "mensalão". Convocou o ex-assessor de Palocci, Vladimir Poleto, que negou ter transportado dinheiro de Cuba para o PT em caixas de bebida.
- Caso Santo André: a CPI convocou João Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel, que acusou o chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, de receber propina e repassá-la a Dirceu. Carvalho negou.

Devido à amplitude das investigações e abertura do foco, a CPI dos Bingos incomodou os governistas que a apelidaram de "CPI do Fim do Mundo". Ainda não foi concluída.

FONTE:
Jornal Folha de São Paulo - 03.05.2006 - "CPI tenta estabelecer conexões entre crimes de investigados"