Operação Vampiro

Após investigações que duraram mais de um ano, a Polícia Federal descobriu um esquema de fraude nas licitações do Ministério da Saúde, que gerou um rombo de cerca de R$ 2 bilhões entre os anos de 1990 e 2002. A suspeita do esquema foi denunciada pelo próprio ministro da Saúde, Humberto Costa, em 18 de março de 2003. Segundo ofício do Ministério encaminhado à PF, a empresa Baxter Expor Corporation levantou a suspeita de violação dos envelopes contendo as propostas de preços de quatro licitações para a compra de hemoderivados (derivados de sangue para uso de hemofílicos).

Após 14 meses apurando o caso, a PF, por meio de uma operação denominada Vampiro, desencadeou a apreensão de documentos em vários locais e a prisão de suspeitos. Eles são acusados de tráfico de influência, favorecimento de licitações e corrupção passiva. Foram expedidos 17 mandados de prisão no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, sendo nove contra funcionários do Ministério da Saúde. Entre elas estão Luiz Cláudio Gomes da Silva, coordenador da comissão de licitação da pasta, o empresário Francisco Honorato e o vice-presidente do "Jornal de Brasília", Leonêncio Peixoto.

Entre os bens, a Federal apreendeu um total de nove lanchas, 20 imóveis, R$ 1,5 milhão em dinheiro e diversos carros e jóias nas operações de busca da Operação. Os bens teriam sido comprados com recursos desviados em licitações fraudulentas de hemoderivados (proteínas extraídas do sangue, utilizadas para o tratamento de diversas doenças, como hemofilia, Aids e câncer) do Ministério da Saúde. De acordo com o inquérito da PF, o Ministério comprava hemoderivados desde 1990 por cerca de US$ 0,41 a unidade. Esse valor vigorou até março do ano passado. Ao saber da suspeita de fraude, o governo Lula mudou o sistema de licitação. Com isso, o valor unitário dos hemoderivados caiu para US$ 0,24, 42% menor que o pago anteriormente. Wagner de Souza disse que é justamente essa diferença que corresponde à fraude. Transformado em reais, o valor anual chega a R$ 170 milhões que, no período de 12 anos, chega a R$ 2,04 bilhões.