Propinoduto

O caso tem início em agosto de 2002, quando a Procuradoria da Suíça abre investigação sobre depósitos suspeitos de US$ 33,4 milhões feitos no Discount Bank (atual Union Bancaire Privée) por quatro auditores federais e quatro fiscais de renda do Rio. O relatório da investigação suíça é entregue ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro e, em janeiro de 2003, após o caso vir a público, a Polícia Federal abre inquérito sobre os depósitos supostamente ilegais. Mais tarde a Assembléia do Rio instala a CPI do "Propinoduto", para apurar suposto esquema de corrupção na Fazenda do Rio

Um pedido de colaboração enviado pela Procuradoria suíça à Justiça Federal brasileira detalha a movimentação bancária naquele país dos oito funcionários originalmente investigados e de cinco outros _um fiscal e quatro auditores A PF indicia 12 investigados sob as acusações de lavagem de dinheiro, manutenção de conta no exterior sem comunicação à Receita e sonegação _são dez fiscais e auditores, o ex-subsecretário da Fazenda do Rio Geraldo Moreira e o lobista Romeu Sufan.

No dia 15 de abril, duas testemunhas fornecem à Justiça Federal fortes indícios de que um esquema de corrupção pode estar na origem do dinheiro enviado à Suíça pelos fiscais e auditores. As testemunhas são Valéria Gonçalves dos Santos, ex-mulher do fiscal Carlos Eduardo Pereira Ramos, e o lobista Romeu Sufan. Oito fiscais e auditores são presos preventivamente.

Entre os acusados, está o subsecretário de Administração Tributária do Rio na gestão de Anthony Garotinho (1999 a 2002), Rodrigo Silveirinha, que teria enviado US$ 8,9 milhões para a Suíça, dinheiro que, para os procuradores, vem de propinas pagas por empresas em troca de benefícios fiscais. Sob o comando de Silveirinha estava a Inspetoria de Contribuintes de Grande Porte, que fiscalizava as 400 maiores empresas do Estado. Silveirinha trabalhava com Garotinho desde 98 e foi coordenador econômico de Rosinha Garotinho (PSB) na campanha ao governo do Rio. Ela o nomeou presidente da Companhia de Desenvolvimento Industrial. No dia 17 de janeiro, com a divulgação do caso, a governadora exonera Silveirinha e determina a revisão de todos os procedimentos fiscais da inspetoria entre 1999 e 2000, e abre sindicância administrativa

O Ministério Público Federal entra com ação na Justiça Federal pedindo o bloqueio e o repatriamento dos US$ 36 milhões. O Ministério Público Estadual abre inquérito para apurar se houve improbidade administrativa.